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Agronegócio

O desafio de construir matéria orgânica no solo

4 anos atrás - por:

A origem do sistema plantio direto possui em seus pilares a manutenção constante da cobertura do solo, rotação de culturas, mínimo revolvimento e adição maior de carbono do que as perdas.

O grande desafio que estamos passando, ocorre no momento em que, nós, agricultores, pensamos de forma imediatista e prática o manejo de solo. Quando achamos mais fácil semearmos uma aveia com a utilização de correntão ou uma grade, a fim de contarmos com rendimento operacional, do que utilizarmos a semeadora de inverno e revolvermos minimamente o solo.

Estudos publicados mostram que uma operação de gradagem sobre um solo subtropical na nossa região, chega a queimar o carbono (C) equivalente a adição de 7 toneladas de matéria seca (MS). Por isso, devemos avaliar o que é mais barato, além de deixar vir por ressemeadura natural a cobertura e semearmos uma aveia a lanço, incorporando posteriormente, ou buscando alternativas com culturas de cobertura diversas, aliadas aos objetivos de cada propriedade, com o intuito de construirmos um solo equilibrado quimicamente, fisicamente estruturado e biologicamente ativo.

A produção de matéria seca – principal fonte de C ao solo, que irá se transformar em matéria orgânica (MO), se o balanço for positivo -, depende diretamente da atenção dispensada a ela e ao investimento realizado. De modo geral, devíamos realmente nos preocupar muito mais com as culturas de serviço, pois é devido a elas que as principais culturas de grãos terão seus ganhos aumentados.

Os benefícios da adoção e manutenção do verdadeiro Sistema de Plantio Direto (SPD) são inúmeros e, grande parte deles, estão relacionados ao solo e ao ambiente.

Na parte química do solo, ocorre o aumento da disponibilidade de nutrientes através da melhor eficiência de ciclagem; o aumento da CTC (capacidade de troca de cátions), fazendo com que este solo tenha maior capacidade de retenção; e a troca de nutrientes com as plantas. Indiretamente, plantas mais nutridas produzem maior matéria seca e, consequentemente, mais carbono, aumentando assim o nível de matéria orgânica no solo.

Na parte física, acontece uma construção de estruturas mais estáveis devido à agregação que a MO promove junto às argilas. O que proporciona um ambiente físico mais estável e com adensamento menor, consequentemente ocorre maior fluxo de oxigênio para as raízes e maior retenção de água, garantindo estabilidade produtiva maior em situações de estresse hídrico.

A parte biológica talvez seja a mais beneficiada com o aumento de MO, pois através da diversidade das plantas de serviço, cobertura permanente, disponibilidade de nutrientes e temperatura mais estável, estes micro-organismos conseguem se desenvolver de forma adequada e em equilíbrio no solo, fazendo, inclusive, o controle de patógenos, o que beneficia novamente todo o sistema.

Portanto, a visão em relação a utilização das plantas de serviço deve mudar, pois é preciso ter importância semelhante as culturas de retorno econômico para que à médio prazo o sistema plantio direto realmente consiga aumentar a estabilidade produtiva e a rentabilidade ao produtor.

Eng. Agr. MSC.  Rodrigo R. Rossato   

 

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AgroPrecision
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